Por Tereza Cruvinel (Correio Braziliense)

Mesmo sem aprovar a Lei de Diretrizes Orçamentárias, a LDO, o Congresso entrará em recesso, chamado branco porque não será oficial. Para o governo da presidente Dilma, será um alívio. Ela, que gosta de dizer que não decide com a faca no pescoço, poderá fazer os ajustes essenciais para reaprumar o governo, depois da trepidação de junho.

O ministro Marcelo Crivella, da Pesca, que esteve anteontem com ela, disse não ter ouvido nada que faça pensar em reforma ministerial. Mas nenhum político experiente acha que Dilma poderá prescindir da reordenação do governo para superar a conjuntura instalada pelos protestos de junho e os conflitos com os aliados, que já existiam, mas se agudizaram.

Se ela acolher as críticas ao gigantismo da máquina governamental reduzindo ministérios, isso pode ter efeitos salutares sobre a economia, não pelo volume de recursos poupados, mas pelo sinal de compromisso com o ajuste fiscal. Faltarão, no entanto, pastas para contemplar todos os partidos aliados, e algumas políticas públicas serão afetadas. Se acabar com as secretarias da Mulher, da Igualdade Racial ou dos Direitos Humanos, por exemplo, a economia será de palitos, e o sinal para alguns segmentos sociais à esquerda será muito negativo.

SEM LULA

Recompor o ministério quando se governa com muitos partidos não é mesmo fácil. E, desta vez, Dilma não deve contar com o aconselhamento do ex-presidente Lula na montagem. Ele tem dito a amigos que ela precisará estar inteiramente à vontade para fazer as mudanças. Depois, dizem os amigos por conta própria, muitos dos ministros que ele recomendou, ela demitiu. Alguns na tal faxina ética, outros por idiossincrasias que poderiam ter sido contornadas, como Nelson Jobim.

 

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